sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Seria normal

Após correr dois km e meio e andar mais um e meio, após um banho relaxante, veio uma palavra na cabeça: Normal.
Comecei a pensar nela, lembrei o quanto eu gostaria de ser igual as outras pessoas, não ter certas angustias, de poder apenas viver. Isso seria muito utópico? Lembrei-me que desde pequeno ouço algumas pessoas a minha volta, que têm habilidades de antever o futuro, ou possível futuro, que eu cresceria e criaria algo novo, isso me marcou, pois não queria criar nada novo, queria ser apenas uma criança normal que soubesse o que os amiguinhos sabiam.
Hoje, me peguei pensando nisso e aparentemente caiu uma ficha, o que era mais obvio, há todo momento estou criando algo, sendo algo, transformando algo, porém isso estava muito além de minha compreensão naquele momento, me questiono se já tenho esta compreensão, mas ela me basta por enquanto, talvez até tenha algo para contribuir para a sociedade, mas isso sempre foi muito passado para aquela criança, uma responsabilidade que não era dela e nem de ninguém, somente daqueles que já criou algo.
Quando adolescente, penso na questão da mutação, nos mutantes que nos tornamos, nos sonhos que são privados pelos adultos para que nos enquadremos nas regras globais, para que tenhamos um lugar seguro no mundo... estranho escutar isso, pois é a mesma sensação que eu tenho para com o meu sobrinho, quero que ele tenha um lugar seguro e que ele possa confiar, em pessoas confiáveis em situações confiáveis, mas sem medo de tentar algo que foge ao seu controle, pois a falta de controle é positivo, pois percebemos o quanto ainda temos que crescer e que não é para controlar a vida, mas sim vivê-la, mesmo que isso seja dizer: NÃO, EU QUERO ISSO! e pagar pelo preço da escolha.
Entendo que quando somos jovens, não sabemos escolher, mas cada vez mais acredito que tornamos adultos e continuamos sem saber escolher. Cada pessoa vai dar sua explicação para isso, mas o que me pega neste momento é justamente o não escolher que as gerações passadas, ou seja, seguir o caminho estrito dos pais. Idade média, você nascia num berço de carpinteiros, você seria carpinteiro também, não gerava as certas incertezas do mundo atual, apesar de deixar a pessoa sonhar a vida toda por algo que não se tinha a oportunidade de fazer, porém era algo seguro, uma vida, um profissão.
Você nascia já sendo algo, hoje, pode-se passar a vida toda tentando descobrir o que se é...
O que é ser normal pensando nisso... hoje, vejo a normalidade como sendo um espaço em um gráfico, ou seja, muita coisa e nada ao mesmo tempo, ou seja, não tem alguém que seja normal, incrível isso, não tem uma pessoa normal e não tem um dia sequer que eu não invente algo, mas que seja o sonho que não na manhã do dia seguinte.

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