quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O fruto

Era uma vez, uma fruta que estava presa a um galho de árvore. Verde o suficiente para não ser colhida, comida ou caída.

Fitava o horizonte, pensando no dia em que podeira ir para além dele. Esse tardava à chegar. Outras frutas eram colhidas antes e ela foi ficando. Por vezes, ela desejava que viesse um vento forte e a levasse para outros lugares.

Nenhum vento forte o suficiente tocava em sua casca. Estava presa ali, naquele galho já conhecido. Sem condição de sair daquela posição. Desespero. Não tinha paciencia para esperar.

Seu controle, foi aprendendo a esperar e com isso, teve tempo para sua coloração mudar.

Ele tinha um leve ideia de que se caisse verde, poderia apodrecer antes de criar raízes, sendo devorada por decompositores, esquecida num canto qualquer.

Quando menos esperava, um de seus desejos aconteceu, o vento veio forte soprando, querendo derrubá-la, porém, ela temeu a força do vento e sua insegurança a fez agarrar mais forte o galho que ela se encontrava. A ventania passou e ela mantece-se lá, meio verde, meio madura.

Um certo dia, um pássaro veio e pegou-a, levando-a para outra parte do mundo, que se mostrou enorme, sempre havendo um horizonte que ela não conhecia, intocável.

O pássaro a soltou sem querer, não se dando o trabalho para ir atrás dela, por não fazer parte de sua natureza resgatar tudo que se perde. Ficou no meio do caminho, o solo não era um dos melhores, mas era fertil. A chuva tardava naquele periodo. Não há como a semente se esticar e criar raízes em terra fertil sem água.

Novamente, a ansiedade de controlar o ambiente era terrificante. Nada se podia fazer. Impotencia, tinha que esperar, não tinha outra solução além dessa. Lutar e rezar pela chuva. Esperança.

Os dias foram passando e nada de chuva. A terra começava a ficar levemente árida. Ela se mexia para tentar sair daquele lugar, quando outro vento forte a levou para outras terras. Até que parou num lago. O que a ajudou a se hidratar. Havia vários riscos e assim seguia.

Estava descendo um filete de água que se encontrava num rio. Ela tentava chegar até a margem para lá, fixar suas raízes. Um peixe a engoliu, mas ao mesmo tempo uma ave de rapina o pegou para ser seu alimento.

Depois de um tempo a semente caiu da boca do peixe, caindo em uma terra úmida e macia pela chuva. Ali estava ela, deitada na terra macia, quando uma matilha de lobos passaram por cima dela, enterrando-a.

Ela não conseguia ver o mais o horizonte, estava tudo escuro. Oras mais quente, oras mais frio.

Já sem esperança por estar dias no escuro completo, uma energia a fez esticar as pernas e os braços que estavam encolhidos. Seus braços esticaram como se quisessem alcançar o céu.

Quando percebeu que tudo estava claro e que era bom se esticar, sentir que tudo fazia sentido. Ela será uma árvore que dará muitos outros frutos, que darão muitas outras árvores.

Nenhum comentário: