segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Droga, estou me desensibilizando

É incrivel como as coisas vividas vão fazer algum sentido após algum tempo de distanciamento; Não que o que reflita seja a verdade, mas é como me pega nesse momento, depois de tudo que ocorreu.

De alguma forma, somente agora estou digerindo algumas questões que estavam me incomodando durante o trabalho com os dependentes quimicos.

Muitos deles falavam que acreditavam em energia boa e energia ruim. Nenhum deles relacionou a droga com energia ruim, mas que usavam quando estavam (contaminados por energia ruim). Um deles me contou que usava com os amigos e assim se sentia bem. Questionei sobre como era ficar COM as pessoas. Respondeu que era normal, não tinha problema quanto a isso. Então perguntei como era quando ele estava sobrio. A pergunta ficou no ar.

A cada reação do corpo, seja ela: dor, prazer, desconforto, conforto, é uma resposta de como o mundo age em nós e como reagimos a ele.

Nesse fins de semana fui a uma balada, coisa que não fazia há tempos. Ambiente legal e conhecido, pessoas legais e conhecidas e desconhecidas também. A diversão era o motim para ter ido para lá, coisa que consegui fazer. Como de costume fiquei sobrio, mas com uma outra presença, foi totalmente estranho olhar para o ambiente dessa forma.

Percebi as pessoas bebendo e bebendo, até este momento nada de novo. Estava curtindo a banda quando alguns seres chegaram e literalmente me empurraram para outro lugar, obvio que fiquei com raiva, e isso acontece bastante, pois no fundo, o respeito, as pessoas deixa em casa. Enfim, continuei prestando atenção na banda, de forma descontraida, quando chegou um momento que me ouvido começou a doer. Tive que improvisar e colocar um pedaço de papel no ouvido para proteger e nesse momento perdi um tanto da minha audição.

Bem, cheguei a esse ponto, para dizer que se eu tivesse bebido bastante, muito provavelmente, não teria percebido essa dor e prejudicaria a minha audição, não hoje, mas no amanhã. Assim como aconteceu há 11 anos atrás com a minha voz, hoje, tenho que cuidar dela mais do que talvez precisasse se não tivesse ultrapassado o meu limite.

O que ficou dos meus 18 anos foi que perdi a voz e sem ela, deixei de falar muitas coisas, me anestesiei perante ao mundo e passei a observar e tentar a cada dia estar mais em contato com o outro. Muitas vezes, o outro não está pronto para esse contato, seja ele consumidor de drogas, remedios, compras, downloads, seriados, jogos etc etc... sempre me questiono o que fazer?

Ter a paciencia de um terapeuta? Ou de um oriental? Ou mesmo, não ter.

Minha resposta?? Não tenho... vou trilhando e achando onde posso ir, onde posso chegar... Para isso, preciso estar mais sensivel as coisas, estar mais presente em meus limites. Não depender de coisas para me sentir mais alegre, mas estar mais alegre independente do que se tem.

Precisei me desensibilizar de mim para poder me olhar de outra maneira, me sensibilizar novamente, para chegar a uma conclusão que é minha, que outros podem questionar com todo o direito, mas todas as vezes, que me entorpeço, seja com chocolate, compras e até cerveja, Estou desligando a chave da presença mais sincera, e disfarço o meu eu, fujo para um monte que tb não consigo criar, apenas consumir para diminuir as tensões, fugindo de mim mesmo, mas quando vou para a imaginação ativa e criativa estou cada vez mais proximo de mim e isso me deixa mais sensivel... e a grande questão que fica é: e o que eu faço com isso (sensibilidade)? A resposta que tenho hoje é: deixe fluir, por mais assustador que seja, deixe fluir como a água, pois ninguém consegue contê-la.


boa semana


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